Sabe não é nada fácil sair do pequeno mundo do seu possante para viver o mundo externo depois de muitos anos, de décadas, é difícil abrir mão do materialismo, do cheirinho do seu carro, do seu DVD, do seu sonsão, de sua buzina, de seu acento de couro, do seu ar condicionado pra viver, é difícil sair de trás de sua película escura que não te protege de nada, ao contrário do que muitos pensam, é difícil sair de nosso mundinho e ver gente, falar com gente, conhecer pessoas, é difícil ser visto e ver, é complicado trocar a prisão de sua adorável máquina de lata e de status pra buscar a liberdade, a tranquilidade fóra deste mundo que nada tem haver com nossa existência.
Pode parecer bizarrice comparar o transporte público da cidade de SP, insuficiente, inadequado, desconfortável com seu possante, mas eu desisti, não vejo mais sentido em andar, ou melhor rastejar por avenidas em troca desta prisão que me estressa, que polui meu ar que respiro, ouvindo buzinas sequenciais de motos desgovernadas passando por mim sem o menor respeito, e detalhe quem vos fala é um agente de trânsito que por anos lutou para que nossos monstrinhos de lata pudessem circular por essa cidade, não estou querendo dizer que eles tem de ser abandonados, mas melhor utilizados, não estou querendo dizer que perdemos a batalha , mas ela precisa se tornar humanamente possível para que possamos fazer algo por vocês e por mim , da forma com que está , pouco podemos fazer pra vocês conseguirem se locomover com decência. Cansei de andar a 15 km por hora e por horas pra chegar morto e puto em troca de justificar meu investimento e mostrar aos outros que eu ando de carro. Perdi a ideia de que eu estou seguro dentro do meu carro pois eu não estou, não tenho carro blindado e meu carro mesmo velhinho atrai mais bandidos do que eu sem ele, cansei de não ver o que acontece na minha cidade, quero observar no entorno, quero conhecer gente, andar, caminhar, respirar, viver, quero me deslocar um pouco mais rápido pra poder ter mais tempo no muito que tenho a fazer, ao invés de ficar horas dentro de meu caixote me enganando que eu estou livre nele, mudei de opinião, sai da cadeia e agora quem está preso é ele. Meu carro não sente emoções, não precisa de sorrisos, de tempo e de viver, eu sim, ele está preso e eu livre."
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Autor : Alexandre Trindade (Texto de domínio público porem, obrigatória divulgação de seu autor sem alterações em seu conteúdo)
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